Luena–Saurimo vão ser ligados por comboio

O consórcio vai assumir a exploração e a manutenção do transporte ferroviário de mercadorias entre o Lobito e o Luau, assim como a manutenção de toda a infra-estrutura existente ao longo do Corredor

O Presidente da República acaba de autorizar em Despacho Presidencial datado de 6 deste mês, mas, publicado na edição de ontem do Diário da República, uma despesa no valor de USD 1. 168 405 370,00 (mil, cento e sessenta e oito milhões, quatrocentos e cinco mil, trezentos e setenta dólares dos Estados Unidos da América) para este este fim

No mesmo despacho o Presidente da República (PR) formaliza a abertura do Procedimento de Contratação Simplificada, pelo critério material, para a celebração da Concepção e Construção do troço Luena-Saurimo do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), com 260 km.

O contrato vai ser celebrado com o consócio constituído pelas empresas Odebrecht-Engenharia e Construção Internacional, Sucursal de Angola (OECI, S.A) e Bento Pedrosa Construções (BPC).

A decisão de ligar via ferroviária as capitais das províncias do Moxico e da Lunda Sul está de acordo com o Plano Director Nacional do Sector dos Transportes e InfraEstruturas Rodoviárias (PDNSTIR) aprovado pe lo Decreto Presidencial nº 157/21, de 16 de Junho e em consonância com o Plano de Expansão da Rede Ferroviária Nacional.

O Executivo angolano tem vindo a implementar um conjunto de medidas e politicas que visam melhorar o transporte ferroviário, o volume de mercadoria e o número de passageiros transportados.

A medida tem também em conta o facto de o Caminho-de-Ferro de Benguelaseter constituído como importante eixo ferroviário na ligação entre o litoral e o interior do território nacional, partindo de Benguela até ao Moxico, o que permite o transporte ferroviário de mercadorias a partir do Porto do Lobito.

As circunstâncias actuais demandam a extensão deste meio de transporte à Região das Lundas, com o objectivo de dotar aquela zona do país de um meio de transporte seguro, fiável e competitivo, potenciando o seu desenvolvimento sustentável.

A demanda decorre ainda do facto de desenvolverem-se na região das Lundas actividades como o caso da mineração, altamente dependente dos meios de transporte pala suprir as necessidades logísticas, assim como dinamizar o projecto PLANAGRÃO, cujo objectivo é impulsionar as indústrias e seus derivados com foco nas províncias da Lunda-Norte, Lunda Sul, Moxico e Cuando Cubango.

O Caminho de Ferro de Bengue(CFB) é uma linha ferroviária que atravessa Angola de Oeste a Leste, sendo o maior e mais importante modal do sub-sector no país. Ligase até às repúblicas do Congo (RDC) e Zâmbia.

Sua ‘testa é o Porto do Lobito, na costa atlântica, de onde exporta todo tipo de produtos, desde minérios, a alimentos, componentes industriais, cargas vivas, etc.

O trecho de Lobito ao Luau, exploradopela Empresado Caminhode-Ferro de Benguela-E.P. (ECFBEP) foi recentemente adjudicado, para exploração de transporte de carga, por um período de 30 anos, ao consórcio Trafigura Group Pte, Vecturis, Mota-Engil, Engenharia e Construção África.

O consórcio vai assumir a exploração e a manutenção do transporte ferroviário de mercadorias entre o Lobito e o Luau, assim como a manutenção de toda a infra-estrutura existente ao longo do Corredor.

Com as rendas negociadas nesta concessão, o Estado angolano prevê arrecadar, em cada pera ríodo de 10 anos, receitas de USD 319.436.703,19 nos primeiros 10 anos, 787.455.410,86 dólares, entre o 11º e o 20º, e USD 919.053.959,17 nos últimos 10 anos.

Vai ainda permitir criar oportunidades para o desenvolvimento de pequenos negócios adjacentes ao transporte ferroviário e uma alternativa ferroviária competitiva, face ao transporte rodoviário, capaz de contribuir para a redução das tarifas de transporte de carga.

Actualmente, a principal receita do Corredor do Lobito advém do transporte de minérios, provenientes da exploração na região do Copperbelt (englobando a RDC e a Zâmbia), no sentido descendente (Luau/Lobito) e com destino à exportação para o mercado internacional.

O mesmo conta com uma extensão ferroviária de 1 866 quilómetros, sendo que 1 344 quilómetros, somente em Angola, dando acesso à parte mais interior do país e da RDC. Em Tenque, encontra-se ligado aos sistemas ferroviários da RDC e da Zâmbia.