“Brigada como unidade foi desactivada e funciona como programa”

Mateus Rodrigues, que foi o 2º comandante da Brigada de Segurança Escolar da Polícia Nacional, esclarece que esta Brigada foi criada em 2003, logo após o conflito armado, como um dos projectos no âmbito do policiamento de proximidade, também por conta da situação de criminalidade (violenta) que se vivia na altura.

Embora tenha sido constituída como brigada, do ponto de vista operacional a BSE é um programa, e a situação de criminalidade que se vivia naquela altura obrigou a que se criasse a unidade compacta com o objectivo de combater os crimes que se instalavam no seio das escolas.

“Esta missão foi cumprida. Foi possível retirar o crime do seio das escolas, pelo que deixou de ser uma Brigada de Segurança Escolar (unidade compacta) e voltou a programa – que consiste em estar instalada ao nível dos municípios um dispositivo de segurança escolar. Isto é, o comando de cada município tem um conjunto de especialistas que atende a segurança nas escolas a nível do município”, esclarece.

Quanto aos últimos acontecimentos, Mateus Rodrigues reconheceu que existe a necessidade de uma nova abordagem em relação à segurança nas escolas, e, por isso, o Comandante Geral orientou, recentemente, que se intensificasse a acção, ao nível das escolas, em todo o país.

Aproveito para ressalvar que o policiamento que as unidades fazem na escola é um policiamento orientado para um problema, o que quer dizer que mesmo com esta intensificação não implica que a BSE voltará. A Poda vai aparecer lá onde se fizer necessária, lá onde estiverem a precisar da Polícia.

“Já não se vai retomar a unidade compacta da BSE, porque já não há necessidade para isto”, reforça.

A presença da Polícia nem sempre é bem-vinda e quando a BE funcionou tinham noção de que a escola não é um lugar de bandidos, mas alguns dos jovens que estavam envolvidos em gangues transportavam esse comportamento para as escolas.

Para aqueles que não são delinquentes é um incómodo ter que lidar com a presença da Polícia na escola, mas “esta presença faz-se necessária porque a escola, por si só, não consegue garantir a segurança dos alunos”, sublinhou esta como uma das grandes debilidades das instituições de ensino.