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SEBASTIÃO FÉLIX * Quem paga a factura atrasada do andebol?

Um grupo de jogadoras da Selecção Nacional de andebol, vencedora do Campeonato Africano de juniores femininos de 2017, reclamou nas redes sociais, ter sido vítima de trapaça, por não ter recebido o prémio a que tinham direito por lei, em consequência da conquista continental em Abidjan, Cotê d’Ivoire.

A reclamação é mais do que legitima. As jogadoras e oficiais daquela Selecção têm direito ao prémio que a lei lhes confere.

Sobre isso, não há volta a dar, até porque, na mesma altura, a Selecção de cadetes ficou em segundo lugar e recebeu o correspondente prémio.

O assunto é tema de conversa nos corredores do desporto nacional e nas redes sociais. O estranho é que só agora, passados cinco anos, surge a reclamação e da forma como surgiu: gritada por detrás do biombo do anonimato, nas redes sociais, quando existem meios deputados para o efeito.

De lá para cá, transcorreu mais de meia década. Mudou o Presidente da República, mudou o ministro dos Desportos e mudou também a Direcção da Federação Angolana de Andebol (FAAND).

Quando as meninas ganharam, o Chefe de Estado era José Eduardo dos Santos, o ministro era Albino da Conceição - depois dele, passou Ana Paula Sacramento Neto - e o líder da Federação era Pedro Godinho. Durante esse tempo todo ninguém tugiu nem mugiu.

As meninas “dizem” ter recebido como prémio da vitória no Campeonato apenas um tablet! Aqui, é preciso chamar os bois pelos nomes. Melhor, indicar quem tem culpa no cartório. O Ministério da Juventude e Desportos tem alguma coisa a dizer?

Mas não parece haver coragem para apontar o dedo, havendo inclusive intenção de endossar a factura à actual direcção da Federação, que quando assumiu o mandato já passavam três anos de tais promessas. A factura não é da anterior direcção da FAAND e muito menos da actual.

A emergência desta questão agora pode não ser tão inocente quanto isso, pois acontece exactamente na véspera da homenagem que o Presidente da República, João Lourenço, prestou à Selecção Nacional campeã africana há duas semanas no Senegal. Pode ser também uma forma de apequenar as conquistas do novo elenco federativo.

Em dois anos, a direcção que entrou em funções em Novembro de 2020 já conquistou três títulos de campeão africano, sendo dois de seniores e outro de juniores, todos em femininos. Em juniores o título significou o resgate do “ceptro” perdido dois anos antes, exactamente depois da conquista das jogadoras que reclamam o devido prémio.

A este património, acrescentou a melhor classificação africana de sempre em “Mundiais” femininos, traduzido no 6.º lugar no Campeonato disputado em Julho passado na Eslovénia.

Nesse caso, o ideal seria que a chefe de delegação naquele campeonato, Fabia Raposo, ou o presidente então em funções dessem a cara para explicar o que efectivamente aconteceu com o merecido prémio das campeãs.

OPINIÃO

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2022-12-02T08:00:00.0000000Z

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