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Por esta razão se diz que o Império Kongo ia desde o actual espaço que é a República do Gabão, cujos limites

guerra materializar o que fora concebido em Portugal que é a criação de Angola.

Em relação a outra parte da pergunta. Naturalmente, a escrita não começou com a chegada dos portugueses aos nossos domínios territoriais, aliás, a própria história classifica-se em pré-história e história. A primeiram é o período que existiu na vida da humanidade anterior ao aparecimento da escrita e a história começa a partir do momento em que a escrita é inventada. Depois divide-se em “Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e a Idade Contemporânea”. Não vou entrar em pormenores sobre quando começa e quando termina cada período.

Voltando à pergunta: como é que cheguei ou tive conhecimento destas fontes. Naturalmente, acedendo aos documentos existentes nos vários países no mundo, nos cinco continentes, onde tive de passar para aceder às respectivas bibliotecas e acervos documentais.

E foi assim que aconteceu. Portanto, na Europa, na Asia, na África e na América, visitando vários países cujo balanço consta da obra da minha modesta autoria.

Não é possível abordar todo acervo reunido no vosso trabalho pelo que nem vamos tentar fazer isso. Mas podemos saber aspectos relevantes nela contidos?

Primeiro é preciso deixar claro que o período em que as populações que viveram no território que delimita hoje o nosso país é maior do que os exactamente 400 anos que se passaram com a chegada dos portugueses.

A humanização do continente africano, sendo ele Berço da Humanidade, é muito anterior à chegada dos europeus. E mais: os europeus não foram os primeiros forasteiros que passaram por cá em Angola. Os primeiros foram os chineses. Os chineses são os primeiros forasteiros que passaram por cá numa anterioridade de quase 30 anos. A diferença é que os chineses não se sedentarizaram, mas os europeus se sedentarizaram. Isso é uma outra jornada que havemos de abordar numa próxima oportunidade. Portanto, depois do povoamento humano do continente nasceram naturalmente as várias civilizações e uma dessas é civilizações Bantu que terá tido origem nos Camarões e que depois em conformidade com as alterações climáticas e com o imperativo da necessidade de procurar sítios mais habitáveis e obtenção de recursos para permitir que a vida medre acabaram por fazer o exercício de descer até às margens do rio Kongo e aqui entraram na Grande Floresta Hidrográfica do rio Kongo e este, pela sua majestosidade (faço-lhe lembrar que é o segundo rio de maior caudal do mundo, o primeiro é o Amazonas), permitiu, naturalmente, a que a civilização Bantu se estruturasse em reinos e impérios e um dos quais é o Império Kongo justamente protegido, do ponto de vista de sobrevivência, pela Bacia do reino Kongo, tendo tido como capital a cidade actual de Mbanza Kongo. O conceito de fronteira dos impérios ou dos reinos, que existiram cá em África, não é completamente coincidente com o conceito de fronteiras dos Estados modernos ou até mesmo dos Estados mediáveis europeus, ou seja, a existência de fronteiras ou limites físicos. A fronteira era mais concebida na perspectiva da dispersão demográfica de um determinado reino ou império. É do seu conhecimento meu caro jornalista André Mussamo que as cidades assumem designações particulares em função de determinada cultura. Por exemplo, os francófonos designam as cidades com a terminologia ‘ville’. Exemplo Libreville, Leopoldoville, etc. etc. Os anglófonos ‘towan’. Exemplo Cape Town. A civilização eslava usam grade, os germânicos designam invariavelmente as suas cidades com ‘burg’, Hamburg na Alemanha…

Então agora vamos passar para África para onde também é transportável o mesmo exemplo. A capital do Império Kongo chamava-se Mbanza Kongo e há muitas localidades por África que pertenceram ao Império Kongo que se designam Mbanza. É assim que, se for em direcção

GRANDE ENTREVISTA

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2022-12-02T08:00:00.0000000Z

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