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Omo está Xabanú em termos de saúde e de composições no domínio musical?

Augusto Nunes Daniel Miguel

CA minha saúde não está lá tão boa, porque em Março deste ano, tive um AVC hemorrágico e estou a tentar recuperar-me. Vou progredindo lentamente. Vou continuando o meu esforço até onde poder. Quanto ao trabalho, parei um pouco por causa da doença. Porém, tenho um solicitado por Voto Gonçalves, para este ano, e tudo está a depender da minha recuperação. Parei por enquanto, mas devo dizer que, a par deste, tenho outros trabalhos solicitados por artistas, por explorar em 2023. Vou continuar a produzir mais, a compor, para que a música angolana não pare por aqui.

A sua carreira, como era gerida muito antes de apanhar o AVC?

A carreira corria muito bem, graças a Deus. Mas, a partir do momento em que morreu Carlos Burity, fiquei transtornado e não mais tive forças para trabalhar e também, nunca mais dei música a ninguém, a não ser ao Voto Gonçalves, neste seu último trabalho. Nestes últimos anos, a carreira não foi lá tão boa. As entidades superiores, só olham para o intérprete. O compositor para eles não é nada. Não tem nenhum rendimento, não é homenageado e caso haja tal reconhecimento, quem o faz são as entidades particulares, assim como o fez o Palácio de Ferro, em 2016, a TV Zimbo, em 2017, e, muito recentemente, a Galeria do Semba. As entidades estatais não querem saber nada dos mais velhos.

Quando e como surgiu a sua parceira com Carlos Burity e quantos temas compôs para ele?

Foi há mais de 30 anos. Compus vários temas, quatro ou cinco, os quais foram gravados. Além destes, tinha mais de cinco por gravar e ficaram em “Stand By”. Antes de ele morrer, mas já débil, foi gravar em Portugal, levando alguns temas meus, tanto mais que o filho quis vir falar comigo e disse-lhe para dar tempo ao tempo, por agora não dá para falar de Carlos Burity.

Quando é que começou a assumirse como tal?

Comecei a assumir-me como compositor há muito tempo e o faço há mais de 60 anos. Isso, entre 1965 e 1966, ainda muito pequeno. Tinha eu 10 anos. Eu vim da minha terra, a Funda, com muita pujança e ‘pulungunza’ de compor, ao chegar a Luanda integrei a Turma do Caravana, depois o Dymba Ngola. Comecei por dar as minhas músicas, primeiro ao Óscar Neves “Matulão Cara de Cão”, duas músicas ao Urbano de Castro “Tia” e “Semba Lemba”, uma ao David Zé, que não chegou a gravar, mas cantava, e mais tarde seguiu-se o Carlos Burity, o Voto Gonçalves, o Mano, a Patrícia Faria, o Zeca Moreno, o Legalize e tantos outros. Apenas dois partiram para a Eternidade; o Luís Visconde e o Carlos Burity, dois grandes amigos. Mas, este ano comecei a trabalhar apenas para o Voto Gonçalves. É um trabalho que ficou suspenso devido ao HVC que tive em Março último. Espero que no próximo ano, o trabalho seja mais célere e com uma participação economicamente activa, uma vez que, sem incentivos acabamos por ficar sem acção.

Quantos discos seus gravou até ao momento, como compositor?

Praticamente, tenho só dois discos. O “Vozes do Semba” e um outro já concluído, mas ainda não foi lançado. Já ouviu aquela música que diz: “Amigos Meus”, interpretada pelo Didelas, é minha obra. Do Carlos Burity, tenho Kimbangula”, “Santo António”, “Gingonça do Macaco”, “Felela” e “Akwángongo”. Além dessas, tem mais de cinco que, por razões de força maior, não chegou a gravar.

Fale-nos um pouco dessa experiência…

A experiência tem sido válida, porque o meu trabalho tem dado frutos para me suster. Porém, o Ministério da Cultura e Turismo, através do Prémio Nacional de Cultura e Artes, teria que olhar também para os compositores de “Excelência”, aos vários actores que contribuíram para a preservação e divulgação da nossa Cultura através da Música e outros géneros de artes. Há que pensar também no Dionísio Rocha, um grande trabalhador nesse aspecto e noutros que deram também o máximo de si e que até ao momento permanecem no anonimato ou no esquecimento. Estamos neste trabalho há muito tempo.

Em quantos conjuntos passou nestes seus mais de 60 anos de carreira?

CARTAZ

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2022-12-02T08:00:00.0000000Z

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