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Optimismo dos empresários e famílias cai depois de três trimestres em alta

Joaquina Dungue

O optimismo dos empresários e das famílias caiu 4 pontos percentuais (pp), depois de três trimestres consecutivos em alta, aponta o Indicador de Conjuntura Económica às Empresas (ICEE) do terceiro trimestre de 2022, recentemente divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)

De acordo com a Folha de Informação Rápida (FIR) do INE, o optimismo no seio dos empresários e das famílias saiu de 10 pontos no segundo trimestre de 2022, para os 6 pontos no período de Julho a Setembro deste ano.

Não obstante a tendência negativa, o clima económico permaneceu favorável no terceiro trimestre de 2022, pois o indicador evoluiu positivamente em relação ao período homólogo e permaneceu acima da média da série, aponta o INE.

Para o economista Carlos Lumbo, a redução do optimismo dos empresários no terceiro trimestre deste ano tem a ver com a conjuntura. O país depende muito de um produto, o petróleo, que representa cerca de 95% das exportações.

Carlos Lumbo avança que desJunho deste ano que o preço do petróleo começou a baixar. Com esta redução passou a entrar menos divisas no país e o kwanza foi se depreciando, o que originou uma certa tendência inflacionária por um lado e, por outro, começou a haver também tendência de recessão em certos sectores nos primeiros meses de 2022.

“A conjuntura deteriorou-se muito rápido e, com tudo isso, os empresários notam que internacionalmente haja tendência de recessão em muitas economias que têm relação com Angola como é o caso da China e dos Estados Unidos da América”, afirmou.

Como se pode depreender dos números apresentados pelo INE, o ICEE começou a descer no quarto trimestre de 2014, penalizado pela queda do preço do petróleo, entrando em terreno negativo no terceiro trimestre de 2015 e bateu no fundo com menos 34 pontos no segundo trimestre de 2016, o valor mais baixo desde que o indicador começou a ser calculado.

Seguiu-se uma recuperação até -4 pontos no quarto trimestre de 2019 e nova descida para um mínimo de 24 pontos negativos no terceiro trimestre de 2020, devido à Covid-19. No último trimestre de 2020, o pessimismo voltou a baixar. Em 2021, o ICEE evoluiu positivamente face ao período homólogo, passando a situar-se acima da média da série e em terreno positivo.

O ICEE mede a confiança dos gestores e empresários abrangidos pelo inquérito de Conjuntura Económica às Empresas, desigde nadamente a indústria extractiva, indústria transformadora, construção, comércio, comunicação, turismo e os transportes.

No período em análise, segundo o INE, o sector da comunicação apresentou maior crescimento ao sair de 18 pontos no segundo trimestre de 2022 para 20 pontos no terceiro trimestre deste ano.

Carlos Lumbo afirma que o crescimento neste sector tem a ver com a necessidade de a comunicação ser permanente, diferente de outros como a construção e turismo que reagem com mais rapidez à conjuntura. Isto significa, segundo o especialista, que a comunicação ainda está num prolongamento do período favorável de percepção dos empresários.

O indicador na comunicação apresentou o maior registo de 86

“A conjuntura deteriorou-se muito rápido e com tudo isso os empresários notam que internacionalmente haja tendência de haver recessão em muitas economias que têm relação com Angola como é o caso da China e dos Estados Unidos da América”

pontos quando começou a ser calculado, isto no terceiro trimestre de 2013, sendo que o menor registo de 6 pontos negativos foi no segundo trimestre de 2016.

Empresas de construção em queda desde 2010

Os dados divulgados pelo INE, apontam que dos sete sectores em análise, a construção foi o que menos cresceu. A confiança das empresas construtoras tem apresentado um comportamento negativo desde o primeiro trimestre de 2010.

O sector da construção fixouse nos -6 pontos negativos, isto é, os empresários que tinham perspectivas negativas sobre a evolução da economia no curto prazo excediam os que tinham perspectivas positivas em seis pontos percentuais, no terceiro trimestre de 2022, segundo o INE.

No quarto trimestre de 2015 o ICEE registou a maior redução de 74 pontos e um máximo de 59 pontos no primeiro trimestre de 2009, desde que o indicador começou a ser calculado no terceiro trimestre de 2008.

Na opinião dos empresários, segundo o relatório, no período em referência as obras públicas representaram cerca de 64%; quando comparado com o período homólogo, notou-se uma diferença de 7,9 pp.

De um modo geral, segundo o estudo do INE, a insuficiência da procura, dificuldades financeiras, excesso de burocracia, dificuldades na obtenção de créditos bancários, equipamentos insuficientes e a falta de mão-de-obra especializada constrangeram as actividades das empresas no período em análise.

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2022-12-02T08:00:00.0000000Z

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