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CONTRABANDISTAS DE COMBUSTÍVEL DA RDC E CONGO FIXAM-SE EM CABINDA

Alberto Coelho, em Cabinda

REPORTAGEM: O contrabando de combustíveis em Cabinda já se configura num crime organizado, envolvendo redes de traficantes bem estruturadas em Angola e nos países vizinhos: República Democrática do Congo (RDC) e Congo Brazzaville. Os grupos criminais, constituídos por “pambaleiros” (vendedores ilegais de combustíveis), funcionam em sintonia com uma rede organizada de transportadores, financiadores e outros intervenientes no negócio .

O contrabando de combustíveis em Cabinda já se configura num crime organizado envolvendo redes de traficantes bem estruturadas em Angola e nos países vizinhos, República Democrática do Congo (RDC) e Congo Brazzaville. Os grupos criminais, constituídos sobretudo por “pambaleiros” (vendedores ilegais de combustíveis) funcionam em sintonia com uma rede organizada de transportadores, financiadores e outros intervenientes no negócio

“Analisando bem, em termos cronológicos ou de criminalidade organizada, parece que estão reunidos os requisitos para enquadrarmos esse fenómeno de tráfego de combustíveis como uma rede criminal transnacional que deve ser combatida energicamente”, desabafou uma fonte do Serviço de Investigação Criminal (SIC), ao jornal OPAIS.

Os contrabandistas criam stocagem de produtos em armazéns, tanques subterrâneos escondidos em aldeias e bombas contentorizadas fantasmas. Também servemse da via marítima e fluvial para evacuar quantidades consideráveis de combustível para a RDC e Congo Brazzaville, bem como alteram as características originais das viaturas, adicionando outros depósitos para carregar mais quantidades de produto.

Segundo apurou a nossa equipa de reportagem, o combustível passa para o outro lado a mercê da vulnerabilidade da fronteira caracterizada pela sua situação geográfica, com a presença de matagais que impedem a cobertura total das forças policiais nestes espaços, bem como a proximidade de aldeias angolanas separadas por 30 a 40 metros com as dos países vizinhos.

Os imensos rios que separam os três países têm servido igualmente como via para o transporte ilegal combustíveis para o outro lado da fronteira.

Os dados do SIC, órgão adstrito ao Ministério do Interior (MININT), indicam que entre Novembro de 2021 e Novembro de 2022, os seus operacionais em Cabinda apreenderam cerca de 416 mil 836 litros de combustíveis diversos, dos quais 134.162 litros de gasolina, 241.699 de gasóleo e 40.975 de petróleo iluminante, destinados para contrabando na fronteira comum entre Angola e os países vizinhos.

O director provincial do SIC nesta província, Santos Manuel Alexandre, que divulgou os dados, nessa cidade, no âmbito dos 47 anos da criação deste órgão de Investigação, disse que, no período em referência, foram registados 115 crimes de foro económico ligados ao contrabando de combustíveis o que permitiu a detenção de 125 elementos (entre nacionais e estrangeiros) e 121 viaturas diversas envolvidas em vários crimes, sendo a maioria em contrabando de combustíveis.

Segundo Santos Alexandre, os crimes de tráfico ilegal de combustíveis continuam a ganhar espaço na província o que está a preocupar as autoridades e a sociedade em geral.

“Um fenómeno que tem estado a causar inúmeros prejuízos financeiros ao Estado Angolano sob o olhar indiferente dos seus autores que, simplesmente, olham pela ganância, ignorando os estragos económicos para o país”, frisou.

O desvio de combustíveis para os países vizinhos tem provocado, muitas vezes, a escassez do produto na província, factor que tem causado longas filas de viaturas nos postos de abastecimento.

O novo delegado do MININT e comandante provincial da Polícia Nacional em Cabinda, Francisco Notícia Baptista, elegeu como acções prioritárias o combate aos crimes transfronteiriços, à imigração ilegal e ao contrabando de combustíveis por este último estar a tornarse como uma prática dominante, com elevados índices de criminalidade na região.

O fenómeno de contrabando de combustíveis para além das nossas fronteiras tornou-se, em Cabinda, um negócio bastante rentável, que já dura há anos, cujo combate levado a cabo pelos órgãos afins, não tem tido o sucesso desejado pelas forças de defesa e segurança para estancar este mal que prejudica a economia nacional. Pelo contrário, o fenómeno, em flanco crescimento, rende milhares e milhões de dólares e Kwanzas, respectivamente, aos traficantes que vão adoptando novos “modus operandi” mediante as investidas das autoridades para estancar o comércio ilícito de combustível na província.

O SIC e a Polícia Nacional, órgãos operativos do Ministério do Interior, têm vindo a rastrear os novos “modus operandi” dos traficantes, bem como dos principais autores deste fenómeno, nomeadamente agentes distribuidores, revendedores licenciados e cidadãos comuns que transportam quantidades pouco significantes.

A acção das autoridades permitiu a apreensão de enormes quantidades de gasolina, gasóleo e petróleo iluminante que tinha como destino os países vizinhos.

Uma fonte do SIC, em entrevista ao jornal OPAIS, disse que dos rede

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