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Ameaças de golpe bolsonarista, no Brasil, preocupam a Casa Branca O motivo de preocupação

da Casa Branca não é tanto o de ter no Palácio do Planalto um presidente nostálgico de Donald Trump, mas principalmente o da espiral de violência que poderia desencadear-se no Brasil se Bolsonaro passasse a vias de facto as suas repetidas ameaças de não reconhecer uma vitória eleitoral de Lula

Por enquanto, essa violência tem-se exercido quase exclusivamente da direita contra a esquerda e um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro calcula em 40 o número de homicídios por motivos políticos no primeiro semestre deste ano, sendo quase todas as vítimas militantes pêtistas. Mas essa violência poderia alastrar perigosamente a uma guerra civil de desfecho incerto num cenário em que Bolsonaro reiterasse o seu questionamento da validade do voto electrónico para impugnar a vitória de Lula nas eleições de hoje [ontem], 2 de Outubro, ou para impugnar a vantagem de Lula e inviabilizar, assim, uma segunda volta a 30 de Outubro. Antecipando esse cenário, o chefe da CIA, William Burns, deslocara-se a Brasília em meados do ano passado para significar a Bolsonaro a importância de respeitar as regras eleitorais. Entre ambos realizaram-se várias reuniões que na altura permaneceram secretas e que só em Maio de 2022 vieram a ser confirmadas publicamente. As admoestações de Burns pouco parecem ter impressionado Bolsonaro, que em Julho deste ano reuniu-se com quatro dezenas de embaixadores estrangeiros acreditados em Brasília e aí pôs em causa a validade do voto electrónico, insinuando uma acusação de fraude contra qualquer vitória eleitoral de Lula, em clara imitação da táctica de impugnação levada a cabo por Trump e que conduziu à tentativa golpista, com assalto ao Capitólio, em 6 de Janeiro de 2021.

Depois do fracasso de Burns em moderar os ímpetos de Bolsonaro, a Casa Branca empurrou para a primeira linha do diálogo com o Brasil o secretário da Defesa, Lloyd Austin, que tomaria como destinatários os altos comandos das Forças Armadas e não já o intratável presidente. E, num plano mais discreto, passaram também a intervir o secretário de Estado Antony Blinken e o presidente do Conselho Nacional de Segurança, Jake Sullivan. A nível da opinião pública norteamericana, notou-se também alguma movimentação. Oito antigos secretários da Defesa e cinco antigos líderes militares publicaram uma carta aberta ao alto comando das Forças Armadas brasileiras, incitando-o a respeitar o resultado eleitoral. E quatro dezenas de parlamentares democratas de ambas as câmaras enviaram uma carta a Biden, pedindo-lhe que em caso de golpe isole o Brasil e lhe retire o estatuto de membro pleno da NATO, bem como o apoio norte-americano à candidatura do Brasil à OCDE. Paralelamente, o candidato pêtista Lula da Silva teve, há 10 dias, uma reunião com o encarregado de negócios norte-americano Douglas Koneff, da qual pouco transpirou para a imprensa, mas que não deixa de ser em si mesma um facto raro e significativo.

Lula vence na Austrália e Nova Zelândia

O político Lula da Silva foi o candidato às Presidenciais brasileiras mais votado na Austrália e na Nova

Zelândia, enquanto o actual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, repetiu a vitória de 2018 em Timor-Leste, segundo resultados provisórios.

Os resultados do escrutínio nos três países foram afixados, como ocorre normalmente, nos locais de votação depois de concluído o escrutínio. Segundo dados obtidos pela Lusa, Lula conseguiu 701 votos contra 223 em Jair Bolsonaro na votação na Austrália e venceu na Nova Zelândia com 328 votos, contra 71 votos em Jair Bolsonaro.

Em Timor-Leste, e tal como ocorreu em 2018, Jair Bolsonaro foi o candidato mais votado pelos 65 eleitores (de entre 91 registados) que se deslocaram ontem à Embaixada do Brasil em Díli.

Bolsonaro obteve 37 votos, contra 18 em Lula da Silva, seis em Ciro Gomes, três em Simone Tebet e um em Felipe d’Avila. Nas eleições de 2018, Bolsonaro já tinha ganhado com ampla vantagem, obtendo 41 votos contra apenas dois em Fernando Haddad (na primeira volta) e 27 votos na segunda volta contra os 11 de Haddad.

Lula derrota Bolsonaro na Rússia, em votação sem urna electrónica e com cédulas improvisadas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor na totalização de votos na Rússia, nas eleições brasileiras, que ocorreram nesse Domingo (2). O candidato do PT superou o presidente Jair Bolsonaro por 45 votos a 28. Na Rússia, a votação foi concentrada em Moscovo e contou com 85 eleitores. Bem atrás dos candidatos favoritos, Ciro Gomes (PDT) teve 6 votos e Simone Tebet (MDB), 2.

Além deles, Sofia Manzano (PCB), Leo Péricles (UP) e Vera Lúcia (PSTU) tiveram um voto cada. Houve ainda um voto nulo. Os demais candidatos não pontuaram.

Uma diferença na votação em solo russo é que não havia urnas electrónicas, devido a restrições de tráfego aéreo. Com isso, os eleitores tiveram que usar cédulas improvisadas para indicar os seus candidatos.

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2022-10-03T07:00:00.0000000Z

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