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O último ‘suspiro’ da FNLA

Dani Costa Coordenador

Cinco pleitos eleitorais desde a adopção do multipartidarismo no país, uma das questões que se levantou em relação às eleições da próxima semana era se a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) pudesse resistir aos solavancos que ia sofrendo ao ponto de ter sido transformado numa espécie de partido residual.

Apesar das fortes impressões digitais que possui na luta de libertação que levou a Angola à independência, descontando-se as alianças que fez num passado muito distante, antes de ter deposto as armas, ao partido do histórico Álvaro Holden Roberto quase que restava somente o nome. Os resultados decrescentes desde 1992, sendo, inicialmente, cinco deputados, passou para três em 2008, dois em 2012 e no último pleito, em 2017, conseguiu apenas um único representante no Parlamento.

As lutas políticas, quase que eternas, movidas sobretudo pelo então líder reformista Lucas Ngonda, primeiro contra Holden Roberto e depois Ngola Kabangu, fizeram com que se tivesse descurado outros aspectos organizativos e até mesmo o rejuvenescimento da organização.

Para este ano, numa fase em que as atenções estão polarizadas entre os dois principais contendores, no caso o partido no poder, o MPLA, e o crónico aspirante, UNITA, na próxima semana vai estar em jogo também o futuro da FNLA.

Se se tiver em conta o histórico que vem acumulando ao longo dos pleitos eleitorais, então se poderá dizer adeus a uma possível representação parlamentar, o que acabaria por ser doloroso para muitos segmentos da vida política e social do país, por se tratar de uma agremiação histórica, que desempenhou um papel fulcral na era colonial sobretudo com a predecessora União dos Povos de Angola (UPA).

Não obstante os receios, a nova fase, com Nimi a Simbi à cabeça, estará a dar um novo folego à organização, uma situação que poderá alterar o quadro e restituir o oxigénio que há muito se esperava. O novo líder da FNLA conseguiu aproximar as partes há muito desavindas. Assuntos que nem o congresso da reconciliação ou os acordos da Pensão Invicta conseguiram aproximar, o professor universitário Nimi conseguiu com mestria aproximar em busca do objectivo comum.

Quem diria que facilmente se pudesse juntar, à mesma mesa ou numa foto, Lucas Ngonda e Ngola Kabangu? E mais do que isso, Kabangu, até então apontado como o delfim de Holden Roberto, já se envolveu na campanha no sentido de resgatar a mística da organização, percorrendo, inclusive, algumas províncias para que obtenham um resultado favorável onde a FNLA não caia na extinção. Figura histórica e respeitada apelou, inclusive, aos seus concidadãos e apoiantes da sua estrutura política a não embarcarem em actos de arruaça, violência ou manifestações. Nem mesmo o propalado ‘votou e sentou’ encontra respaldo neste dinossauro da política angolana.

EM FOCO

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2022-08-17T07:00:00.0000000Z

2022-08-17T07:00:00.0000000Z

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