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Soraia Tavares, Ígor Regalla e Flávio Hamilton vão contar a história de Cesária Évora nos ecrãs

Já se sabe quem são os actores que vão estar no centro da série sobre a vida e obra de Cesária Évora. A cantora e actriz Soraia Tavares vai interpretar o papel da Diva maior da música de Cabo-Verde. Criada por Hugo Diogo, “Sodade” é uma série portuguesa, produção da Lanterna de Pedra Filmes, com um orçamento de 2,4 milhões de Euros. As gravações começam no mês de Setembro, na cidade do Mindelo, na Ilha de São Vicente, em Cabo-Verde.

Segundo a produtora, a série terá cinco episódios – e não oito como anunciado no final de 2021 -, e será rodada a partir de Setembro no Mindelo, em Lisboa e ainda em França, seguindo os passos da vida de Cesária Évora.

Há ainda outras alterações ao projecto inicial revelado em Outubro, nomeadamente a escolha da protagonista que fará de Cesária Évora. A cantora Eliana Rosa é substituída pela actriz Soraia Tavares, que fez parte da versão portuguesa do musical “Chicago”, revelou a produtora. Ao seu lado estarão ainda outros nomes conhecidos dos palcos portugueses, como é o caso de Ígor Regalla, Flávio Hamilton e Sérgio Praia.

Alíngua é a principal manifestação da cultura, aliás, estes conceitos estão intimamente ligados. Porém, a dimensão cultural do homem não se reduz apenas no fenómeno linguístico, estende-se, igualmente, a outras manifestações antropológicas e é por esta razão que se deve entender a cultura como complexo unitário que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade (Eduard B. Taylor). São, na verdade, manifestações que variam, a fim ao cabo de acordo com a epstemologia de cada povo, ou seja, os diferentes padrões culturais têm um papel preponderante na distinção destas manifestações. Assim, por exemplo, o povo lusitano concebe o sagrado diferente do angolano, a ideia de dança para o brasileiro é distinta da chinesa . Estas distinções a nível do plano epstemológico podem também suceder na língua, principalmente quando povos de origens diferentes partilham o mesmo idioma – sobre isto, saiba-se que o processo da ocidentalização do mundo incluiu assaz o pacote linguístico, o que contribuiu no surgimento de países cujo povo (etno) é de uma origem totalmente diferente do idioma que fala, em muitos casos até oficiais. É o caso de muitos países africanos que na hodiernidade adoptam línguas de origem ocidental, como Angola, por exemplo.

Note-se que a cultura (entendase como a epistemologia de cada povo) tem um grande impacto nos hábitos linguísticos de um falante em todos os níveis, pricipalmente no âmbito semântico. Dito de outro modo, a maneira de pensar de um determinado povo influencia grandemente a forma como um falante de tal comunidade faz o uso da língua. Perceba-se que há entre os cognitivistas quem arrisca afirmar que o pensamento é a língua e esta é o pensamento, mas a verdade é que estes dois conceitos estão profundamente grudados e que a língua condiciona o modo de pensar, ou melhor, uma pessoa que fala inglês tem um pensar diferente de quem fala português e quem fala esta, diferente de quem fala umbundu. Tal condicionamento é na verdade epstemológico. No caso de Angola, um aspecto muito curioso é que os falantes do português trazem para esta língua, nalgumas vezes, um pensar próprio das línguas autóctones, o que acaba por afectar a semântica das palavras.

Repare-se, por exemplo, na palavra pai que é usada quer em Portugal como em Angola para designar a mesma realidade. Embora os dois partilhem alguns aspectos relativos ao significado deste significante (pai), se fizermos um estudo profícuo, veremos que há algumas distinções conceituais muito fortes. Enquanto para um português pai é aquele que gera/adopta um ou mais filhos , o chefe de família (é o modo ocidental de pensar), um falante do português angolano não fica apenas por aí, isto é, acrescenta ,além daquele significado, que pai é o irmão do pai e todos aqueles que são como o pai ( é o modo bantu de pensar). No campo das palavras que designam relações parentais, no português de/ em Angola, veremos que há sempre um certo acréscimo semântico devido à ideia de família que é percebida, na perspectiva bantu, como uma instituição alargada e nunca fechada.

Neste pacote ainda se pode incluir outros itens lexicais que tal como a palavra pai ( e outros vocábulos que denotam relação parental ) no Português falado em Angola acabam por carregar uma semântica um pouco mais forte em relação a outras paragens em que se fala, igualmente, português, porquanto há a influência da cultura na sua semântica. Analise-se a expressão (Mais) velho/a. É um dos exemplos mais claros do impacto da cultura na língua. A palavra velho por cá não se reduz apenas na designação da última fase de desenvolvimento do ser humano, a senecência, ela é entendida como uma categoria social onde fazem parte os sábios, aqueles a quem se deve respeito.

Tal posição é sustentada por provérbios nas línguas autóctones, a título de exemplo, há em umbundu o famoso adágio ukulu ondaka (o mais velho é a palavra) e, por isso, tem sempre a primazia. Este pensamento justifica a razão de numa saudação (um hábito linguístico) ou conversa entre falantes angolanos do português dar-se sempre a oportunidade ao mais velho para começar. Ademais, na saudação é possível verificar a influência da cultura na língua, na medida que esta é feita, geralmente, na primeira pessoa do plural etu (nós) o que demonstra claramente o sentido comunitário, uma das maiores bandeiras da cultura tradicional bantu. Destarte, tem-se aqui um claro cruzamento entre a cultura e a língua e o estudo deste fenómeno cabe à etnolinguística, um dos ramos da linguística.

CARTAZ

pt-ao

2022-07-01T07:00:00.0000000Z

2022-07-01T07:00:00.0000000Z

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