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POLÍTICA DEMOGRÁFICA, O DESAFIO

MARIANO QUISSOLA Subdirector

Echegouoagosto,mêsqueencerra o ciclo legislativo e abre o outro e com ele os desafios. Nesta edição trazemos abordagens de temas diversos, mas complementarestendoemconta a sua transversalidade. Na principal entrevista desta edição, o Demógrafo João Baptista Lukombo Nzatuzola alerta que o Executivo que sair dessas eleições gerais deverá ter a educação em saúde reprodutiva, como principal desafio, refutando a ideia segundo a qual, o equilíbrio entre o crescimento económico e o populacional deve passar pela adopção e uma política de natalidade restritiva, como defendem algumas economistas. O outro desafio e inquietação do Professor Lukombo Nzatuzola é a distribuição da renda nacional, por entender que constitui das principais fontes da pobreza generalizada que graça o país que, segundo o PDN, reduziria de 36%, em 2017, para 25% em 2022. É relactivamente animador olhar para os números da consultora Focuseconomics que antevê que a economia de Angola cresça 3,2% este ano e acelere até 3,6% em 2024, embora abaixo da média dos países da África subsaariana. A consultora sustenta-se essencialmente do aumento dos preços do barril do petróleo e da necessidadedeaeuropaencontrarfontesalternativasaogásrusso.entretanto,seporumlado estes números parecem bem para quem define políticas publicas, não deve ser menos importante considerar os desafios macroeconómicos de 2023. A outra boa nova é o facto de a agência Standard & Poor’s antever que a dívida pública de Angola desça para 64% do PIB até 2025, depois de ter atingido o pico de 131% em 2020, dependendo dos preços favoráveis do petróleo. Entretanto,todasas‘profecias’económicasqueatestamparaabem-aventurançadaeconomia angolanatemnocentroopetróleo,produtocujopreçoopaísnãocontrola.vale,contudo,lembrar que será em 2023 que os países dos PALOP, incluindo Angola, retomam o pagamento da dívida aos países do G20, que havia sido interrompido no âmbito da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida, por parte dos países mais industrializados, para atenuar o impacto da Covid-19. A nível da economia doméstica, em 2023 o IVA retoma a sua primeira forma (14%), os direitos aduaneiros são reativados, com impacto sobre os preços dos bens e serviços. Perante este conjunto de desafios, encontrar mecanismos que permitam o equilíbrio entre o crescimento demográfico e o crescimento económico é a obra. Portanto,osvárioseventosmundiaisprovaram-nosdeformainequívocaqueomundosetransformou, de facto, numa verdadeira aldeia, na medida em que África, por exemplo, pode sentir que a Ucrânia não é assim tão distante, porque sentiu e sente o impacto do encalhamento dos cereais no mar negro. A recepção técnica dos EUA e a inflação galopante da europa é um sério aviso à navegação económica global, sobretudo para as economias periféricas.

CARTA DO DIRECTOR

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2022-08-01T07:00:00.0000000Z

2022-08-01T07:00:00.0000000Z

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