Media Quiosque

Linda Jorge A ‘rainha’ que sonhou ser aeromoça mas ‘aterrou’ no jornalismo

Texto : CONSTANTINO EDUARDO Fotos : CEDIDA

Linda Rosa Domingos ou ‘Linda Jorge’, como é conhecida nas lides jornalísticas, licenciada em psicologia, detentora de um vozeirão que anima os ouvintes da rádio Mais/Benguela, é a pessoa de quem a Chiola decidiu visitar e, por conseguinte, viajar à volta da sua história escrita com letras indeléveis. Não fossem os amigos, seguramente Linda Jorge nunca teria pulverizado a suavidade da sua voz aos pavimentos auditivos dos benguelenses. Pelos vistos, fê-la muito bem, pois até distinção de rainha a ‘menina Jorge’, que um dia sonhou ser aeromoça, recebeu nestes 27 anos de carreira, a ponto de, nostalgicamente, confessar: ‘para mim, rádio é paixão’

Linda Jorge é uma profissional de mão cheia que, desde muito, abraçou o mundo de manter as pessoas informadas, por via do jornalismo radiofónico, transformando-se numa pessoa híbrida: entretém tanto quanto informa.

A odisseia começou em 1995, na rádio Morena Comercial, sob forte influência de amigos, depois de ter apresentado, em sede de um congresso promovido pela Igreja Baptista de Angola de que é membro, as estratégias de uma das comissões em que tinha sido inserida, isto em Luanda. Tendo a sua performance vocal invadido os pavimentos auditivos de mais de 300 pessoas presentes, maior parte dos irmãos em Cristo e amigos chegou à conclusão de que estar-se-ia perante uma futura ‘senhora da rádio’ e, naquelas circunstâncias, passou a ser figura central, por causa do perfume espalhado pela

exuberância da sua voz, de sorte que, ao longo do evento, tenha sido agraciada com o prémio de melhor voz do congresso. Entretanto, a profissional confessa que jornalismo nunca fez parte da ‘ementa’ dos seus sonhos. De pequena, Linda Jorge nutria o sonho de ser aeromoça. “Os meus amigos é que foram atiçando, foram dizendo: Olha, Linda, vá para o jornalismo, tu tens uma voz muito bonita, tens dicção. Então vá lá”, explicou à Chiola com um sorriso entre os lábios.

Estando em Benguela, certo dia, depois de ter sido impulsionada para seguir a carreira jornalística, decide, então, manter contacto com a rádio Morena Comercial. Ligou para estação radiofónica e quem lhe atende foi um senhor que respondia pelo nome de Nito. “Eu nem conhecia onde estava localizada a rádio Morena, sei que era na cidade de Benguela (...) Liguei e pedi para falar com o director. Na altura era o Zé Manel (actualmente, director de informação da rádio Ecclésia)”, elucida.

Foi a este profissional a quem manifestou o desejo de fazer parte do quadro de pessoal daquela casa de rádio. Como não podia

“Os meus amigos é que foram atiçando, foram dizendo: Olha, Linda, vá para o jornalismo, tu tens uma voz muito bonita, tens dicção. Então vá lá”

deixar de ser, Zé Manel perguntou à candidata se tinha alguma qualificação na área, ao que ela respondeu negativamente. Apesar dessa condição dela, o director anuiu e ela começou a trabalhar na lapidação daquele diamante bruto. Como qualquer estreante, o primeiro teste foi o de leitura de uma página de jornal em estúdio. Uma leitura que agradou de que maneira o director a ponto de mantê-la na estação.

“O Zé Manel disse ‘tu tens uma voz boa, tens uma boa dicção’ e então disse ‘tu podes passar a vir no período da tarde para fazer o estágio’. Foi uma grande alegria para mim (...) Então passei a ir todas as tardes, eu ia sempre de comboio. Naquela época, ainda não havia táxi”, conta. Inicialmente, passou a apresentar

dedicatórias e, à medida que a direcção da rádio via nela evolução, passou a confiar nela a condução de vários programas de entretenimento em directo, destacando-se, de entre outros, o Capital Mulher, Fone Disco e repórter do programa Vintee-Uma-a-Uma, conduzida, à época, pelo exímio Ekumby David.

Tudo que a profissional aporta em termos de conhecimentos jornalísticos deve a Zé Manel, que, para ela, foi bastante paciente na transmissão, sem desprimor, no entanto, para conhecimentos transmitidos por profissionais com conhecida competência técnico-intelectual.

“É claro que tive ajuda de vários colegas na rádio Morena. Porque depois o Zé Manel sai e entra o Alexandre Lucas, que foi um grande professor para mim. O senhor (Cabral) Sande, Sandra Lucinda, Rosita Santos, a quem eu era mais chegada, Bela Neves, Ekumby David, Duvall Pombal. Lembro-me que, com o Pombal, apresentei um programa. Não era um programa da rádio, mas só passava(...) do projecto Otchili (verdade, traduzido do umbundu para o português), da ADRA, com a direcção de Cristovão Mário Kajibanga(de feliz memória). Então, fiquei na rádio Morena por cinco ou seis anos, depois tive de abraçar outros projectos”, lembra com nostalgia esses momentos. Entretanto, em 2009, recebe uma proposta do malogrado Cristovão Mário Kajibanga para se juntar ao projecto da Rádio Mais e, por isso, é a locutora seleccionada para conduzir o programa de abertura da rádio Mais em Benguela. “Poxa, foi uma grande alegria para mim, ter sido seleccionada. Claro, deu assim algum frio de ter a grande responsabilidade de dizer o primeiro ‘bom dia’ ao vasto auditório. E, pronto, no final de tudo, recebi os parabéns. E estou na rádio Mais até hoje”, relembra a locutora. Hoje, na rádio do Grupo Média Nova, ela ocupa-se da apresentação de programas, reportagens e edição das suas peças para os noticiários, de tal sorte que se sente bastante feliz pelo que faz.

Um ‘poço’ de prémios chamado Linda

Como comunicadora, a jovem que anima as manhãs da rádio Mais já recebeu várias distinções. É como que ‘um poço de prémios’, sem nunca perder de vista as homenagens das quais se orgulha. Na galeria de fotos pessoais a que esta revista teve acesso, destacam-se, entre outros, o prémio de Personalidade de Comunicação, atribuida em 2016 pela BFS. Em 2018, esta mesma organização, referimo-nos, claro, à BFS, atribui-lhe novamente uma distinção.

Desta feita, Linda Jorge leva o prémio de Melhor radialista de informação. Quando a equipa de Chiola se convencia de que, finalmente, de prémio era tudo, eis que a jornalista abre novamente a galeria, de onde retira uma coroa de “Rainha do ano da -Comunicação social” a si atribuída pela Associação das Rainha de Angola 2021, isso para não falar de um sem número de homenagens, preferindo destacar

uma feita pela AGEA - Associação de Jovens Empreendedores de Angola.

À Chiola, Linda Jorge explicou as circunstâncias em que recebeu a nomeação para o prémio Divas de Angola. Certo dia, explica, estava ela empenhada na sua actividade jornalística quando recebe o telefonema de alguém da organização a anunciar-lhe de que tinha sido seleccionada para participar no evento, que distingue personalidades femininas.

“Eu disse eu, eu mesma! Mas porquê eu? Eles foram me explicando que tinha cá estado uma equipa que esteve em Benguela e foi ouvindo o meu trabalho e investigando um pouco (...) Olha, Constantino, foi realmente uma grande alegria, a primeira vez não fui seleccionada. Fui seleccionada pela segunda vez e foi aí que fui eleita, que fui ao topo, eleita Diva de Angola”, manifestou-se com um sorriso rasgado nos lábios a locutora que diz ser admiradora de Luísa Fançony, da LAC.

Linda Jorge, de 50 anos de idade, é licenciada em psicologia e pósgraduada em Gestão Estratégica das Organizações, pela Universidade Católica de Brasília.

TALENTO

pt-ao

2022-09-01T07:00:00.0000000Z

2022-09-01T07:00:00.0000000Z

https://mediaquiosque.pressreader.com/article/281689733691246

Media Nova