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COMÉRCIO

Dados oficiais apontam que o país importa mais de 80% dos bens de consumo, matéria-prima, e inputs agrícolas

Texto: Milton Manaça

Dados oficiais apontam que o país importa mais de 80% dos bens de consumo, matéria-prima, e inputs agrícolas, no mercado externo. Entretanto, isso poderá ser afectado por uma inflação importada, em função da excessiva dependência do mercado externo dos países europeus, asiáticos e americanos, segundo o economista Janísio. Salomão.

Angola poderá ser afectada por uma inflação importada em função da excessiva dependência do mercado externo dos países europeus, asiáticos e americanos, segundo o economista Janísio Salomão. O economista realça que pese embora a inflação mensal, 1,12% do último Índice Preços Grossista (IPG) e 0,76% do Índice Preços do Consumidor Nacional (IPCN) lançado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentarem sinais visíveis, há uma tendência decrescente.

Janísio Salomão lembra que Angola importa mais de 80% dos bens de consumo, matéria-prima, e inputs agrícolas, no mercado externo cujos países são afectados por uma alta de preços actualmente.

“Como é sabido, quando os preços de bens ou serviços no mercado externo sobem, Angola sente por arrasto”, sustentou.

Recordou que o Banco Mundial (BM) explica que existem riscos para as economias que fazem parte da África Subsariana, nomeadamente, no que se refere às incertezas do conflito entre a Rússia e Ucrânia que podem levar ao aumento dos gastos com importações de alimentos.

O mesmo se aplica à questão da insegurança alimentar em países que dependem de alimentos provenientes dos dois beligerantes (Ucrânia e Rússia), assim como a alta dos preços dos fertilizantes, uma vez que fazem parte das despesas públicas de muitos países, uma realidade aplicada também a Angola.

Financiamento da REA

O também docente universitário questiona, por isso, se diante desta realidade o país estará preparada para fazer face aos riscos, sublinhando ser necessário, no âmbito da diversificação económica, que se faça uma aposta forte na produção de fertilizantes e produtos agrícolas, que poderá se reverter na baixa da importação de alimentos.

Lembra que a Reserva Estratégica Alimentar (REA), continua a ser financiada pelo Governo, tendo-se interrogado “até quando estarão os cofres cheios para continuar a financiar os preços baixos dos alimentos no mercado através da REA?”. O interlocutor argumentou ser este um desafio para que o país se paute tanto pela diversificação da balança de exportação e dispersão do risco do consumidor. Importa realçar que os preços dos produtos nacionais aumentaram 1,83%

durante o mês de Agosto de 2022, comparados com os do mês de Julho, segundo o INE, na sua nota sobre o ‘índice de Preços Grossistas. A secção ‘A’ que representa a agricultura, produção animal, caça e silvicultura é que registarou maior aumento de preços com 1,88%, sendo que os produtos que tiveram maior variação de preços neste grupo foram o milho com 2,56%, cabrito vivo com 2,46%, batata rena com 2,41%, banana com 2,27%, cenoura com 2,12 % e galinha viva com 2,03%.

Durante o mês de Agosto de 2022, os preços dos produtos importados tiveram um aumento de 0,88% em relação ao mês anterior, influenciados pela variação de vários preços verificada na secção A, tendo registado uma variação acumulada dos produtos em Agosto de 11,72%. No que toca à inflação global de produtos nacionais e importados no mês de Agosto, foi de 1,12%, tendo os produtos importados contribuído com 0,67 pontos percentuais, ou seja 60%, e os produtos nacionais com 0,45 pontos percentuais o que corresponde a 40% do valor da inflação global.

O INE publicou também a sua Folha de Informação Rápida (FIR) do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) que, no essencial, registou uma variação de 0,76% de Julho a Agosto, com uma desaceleração de 0,05 pontos percentuais, em termos de variações mensais. Em termos homólogos (Agosto 2021 a Agosto 2022), regista-se uma desaceleração na variação actual de 1,37 pontos percentuais, com as províncias do Moxico com 0,60, Uíge com 0,62% e Bié com 0,63 % a registaram menor variação nos preços. Em sentido contrário, as províncias que registaram maior variação nos preços foram o Zaire com 1,13%, Cuanza Norte com 1,01% e Cuanza Sul com 0,96%.

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2022-10-10T07:00:00.0000000Z

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