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Chef Elisabeth Martins “Adoro cozinha de fusão”

Texto : JORGE FERNANDES Fotos : CEDIDA

Elisabeth Martins optou pela carreia de Chef de Cozinha depois de anos a trabalhar como apresentadora de televisão, embora este seu novo ofício a tenha trazido de volta ao grande ecrã. Em declarações à Chiola, fala sobre os cuidados com os alimentos e os truques para uma alimentação saudável e saborosa

Conhecemo-la como apresentadora de televisão, embora ainda o seja, mas está hoje conhecida como Chef Elizabeth Martins. Pode explicar-nos como se deu para chegar a esse estágio?

Bem, vamos lá, eu penso que já nasci cozinheira, no entanto muito cedo, aos 13 anos de idade, fui “emprestada” ao jornalismo/TV. Aos 7 anos de idade fiz a minha primeira comida e daí nunca mais parei. Mas foi apenas aos 37 anos de idade que decidi seguir o meu sonho de me tornar cozinheira profissional. E assim larguei a TV, fui para Portugal me formar e tornar-me Cozinheira

Profissional, formada pela ACPP (Associação dos Cozinheiros Profissionais de Portugal). Hoje o título de Chef vou ganhando com muito trabalho, dedicação e foco. Fruto também da minha trajectória que vou desenhando step by step.

Quais têm sido os maiores desafios na actividade culinária?

A implantação de um serviço diferenciado, com qualidade, requinte e principalmente que case qualidade e preço.

A busca de elementos e ingredientes que acabem com a “mesmice” na culinária e restauração em Angola. É desafiante e dá-me energia. Nunca ninguém disse que seria fácil.

É difícil escolher um prato preferido para confeccionar, ou seja, o que mais lhe dá gozo de preparar quer seja nacional ou internacional e porquê?

Eu sou do tipo de cozinheira que adoro desafiar-me e acima de tudo, criar. Ver nascer um prato com ingredientes e combinações impossíveis é das maiores adrenalinas que sinto quando estou a cozinhar. Mas confesso que o meu Mufete é o meu grande amor na culinária nacional e internacional. Adoro a gastronomia asiática... O Mufete

porque penso que é o prato com maior identidade gastronómica que nós temos. Temos nele o nosso mar e o nosso pedaço de terra muito bem representados num só prato. Eu digo sempre que se os franceses provassem o Mufete, acabavam logo com isso de que a gastronomia deles é a melhor do mundo (risos). A gastronomia asiática é a minha libertação na cozinha. É a cozinha dos aromas e sabores misteriosos. Sou literalmente apaixonada.

É possível “comer bem” de forma saudável com pouco dinheiro, em Angola, dado o contexto e os preços no mercado?

É possível, sim. Nem sempre o caro é o melhor, mais saboroso ou até mais saudável. A nossa Angola ainda é um país com uma terra que nos dá o melhor dos alimentos sem precisar maltratar com agrotóxicos e fertilizantes artificiais. E considero que o que nos dá a terra é o melhor alimento, o mais saudável e económico. Conseguimos criar pratos capazes de agradar gregos e a troianos.

Como é que avalia a nossa gastronomia, e que diferencial a Elizabeth introduziu como sendo sua “cara”?

O que vou dizer vai causar muito ti ti ti, mas para mim é a realidade nua e crua. Angola não tem uma gastronomia, tem sim uma culinária...porque existe diferença entre uma e outra.

Como assim?

Queremos ter uma gastronomia, identidade gastronómica? Queremo.s sim! Então temos que catalogar de Cabinda ao Cunene as nossas raízes culinárias, os nossos pratos, sabores e aromas e pôr no mapa do mundo. E aí, sim, vamos ter propriedade para encher a boca e dizer que Angola tem uma gastronomia, tem cultura, identidade e essência gastronómica. Ela existe, mas está enterrada. O meu diferencial está marcado no “Entre Tachos”, na primeira temporada, por exemplo, dei visibilidade ao que é nosso, da nossa terra e mar. Peguei em ingredientes que todos temos em casa e mudei completamente a “dinâmica” deles. Amo cozinha de fusão e penso que é aí que um Cozinheira/Chef faz a diferença.

Em função da idade, há alguns alimentos que devem ser consumidos obrigatoriamente? Quais e em que faixa etária?

Eu deixo sempre estas questões para os nutricionistas e profissionais da área, pois penso que eles têm bastante propriedade para falar disto. Sabemos que indicar alimentos a serem consumidos a partir de determinada idade, exige todo

A busca de elementos e ingredientes que acabem com a “mesmice” na culinária e restauração em Angola

um estudo e avaliação sobre este ou aquele quadro clínico. Mas como Chef de cozinha e pesquisadora nata, até porque é uma área que igualmente me encanta, super indico os alimentos da terra, desde as hortícolas, frutas, cereais e vegetais (desde que as crianças comecem a comer as primeiras comidas consistentes) e os peixes gordos por causa do Ômega 3, principalmente para nós mulheres. Na verdade, o ideal é ter uma alimentação bem equilibrada e comer de tudo um pouco moderadamente.

O que não aconselharia a comer e porquê?

Alimentos que, a priori, o nosso organismo já nos deu indicativos de que são “no gratos” para nós. Alimentos taxados como nocivos para a nossa saúde e qualidade de vida. Hoje em dia temos bastante acesso a várias informações sobre isso. Porquê? Porque é aí que tem mais valia a expressão: NÓS SOMOS O QUE COMEMOS.

Algumas pessoas defendem que devemos trocar a farmácia pela nossa cozinha, concorda?

Não digo trocar propriamente, e sim usar como forma de prevenção e para complementar.

Diz-se que uma das “armas”

para que uma mulher agarre o seu parceiro é pela cozinha. É indispensável que ela saiba cozinhar e bem?

R: Não acredito nisto...não incentivo isto...não aprovo sequer. Homens e mulheres não são para ser “agarrados” e sim amados. Da melhor e mais saborosa forma. Uma mulher ser boa dona de casa é lindo, mas não é a condição de vida para ter um casamento feliz. Pois defendo que pode ser o contrário. Pode ser o homem um excelente cozinheiro, dono de casa e a mulher ser a excelente profissional de uma empresa, a melhor administrativa, a tal business woman. Porque não? Papéis invertidos? Não... apenas é e pode ser assim. Há que quebrar tabus, acabar com as conotações, abrir mentes, sermos mais pragmáticos e acima de tudo felizes que é urgente.

Quais os critérios para uma boa alimentação? Para além dos produtos disponíveis?

Eu acho que é importante incluirmos na nossa dieta alimentar elementos saudáveis com propriedades que contribuem para o melhor funcionamento do nosso organismo, saúde física e mental.

Quais os cuidados que devemos ter ao confeccionar qualquer que seja o alimento?

Verificar primeiro se visualmente apresentam características para serem consumidos, digo sempre que os olhos comem e a boca saboreia. Depois usar o olfacto para que o aroma nos diga se está em bom estado se consumo. Como cozinheiros e consumidores devemos ter todos os sentidos bem apurados. Lavar bem e desinfectar. Cozinha higienizada como um diamante. Higiene pessoal é primordial. Os locais (quer a dispensa, economato ou frios) onde se guardam os produtos devem estar limpos, organizados e em óptimo funcionamento. Ingredientes que se consomem crus exigem maiores cuidados e atenção.

CAPA

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