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AMBIENTE

A partir de 2035, na zona euro só poderão circular carros eléctricos. A medida saiu da última reunião dos ministros do ambiente. Enquanto isso, as principais fabricantes de automóveis fazem investimentos milionários para saírem à frente da concorrência

A União Europeia estendeu por mais cinco anos a proibição de fabrico e venda de carros a gasóleo e à gasolina. Os ministros do Ambiente dos 27 aprovaram, em Junho passado, uma meta para eliminar a 100% de emissões de dióxido de carbono, dentro de 13 anos, isto em 2035.

AUnião Europeia esticou por mais cinco anos a proibição de fabrico e venda de carros a gasóleo e à gasolina. Os ministros do Ambiente dos 27 aprovaram, em Junho passado, uma meta para eliminar a 100% de emissões de dióxido de carbono, dentro de 13 anos.

Muitos europeus dizem que são boas notícias, mas também há quem mostre reticências. Estados-membros como a Alemanha e Itália pediram à UE para dar ‘luz verde’ no futuro para tecnologias alternativas, como combustíveis sintéticos ou híbridos plug-in, caso estas sejam capazes de alcançar o objectivo de eliminar completamente as emissões de gases com efeito de estufa dos carros.

Os ambientalistas elogiaram a decisão, que entendem que peca por tardia. Uma nova disputa entre gigantes ocorre no mundo automotivo, desta vez pela liderança global ou regional do mercado de carros elétricos.

As legislações com prazos para o fim da produção de veículos a combustão em vários países, obrigando as fabricantes a desenvolverem produtos com zero emissão, abriram uma frente de investimentos que passa de US$ 250 mil milhões, de 2025 a 2030, conforme programas já anunciados.

Disputa por maior espaço no mercado de carros elétricos acirra competição entre as gigantes do sector automobilístico mundial. Nessa briga, cada um dos competidores chama para si a responsabilidade de ser o número um do mercado, também de olho no que vem lá na frente, que são os modelos autónomos.

“A Ford vai liderar a transição da América para os veículos eléctricos, dando início a uma nova era de fabricação limpa e neutra em carbono”, diz Bill Ford, presidente executivo da Ford.

A declaração foi feita na semana passada, quando a Ford anunciou a construção, nos EUA, de dois complexos com uma fábrica para as pic up’s elétricas Série F e três para baterias de íons de lítio. O projecto inclui ainda parque de fornecedores e unidade de reciclagem de baterias. Vai custar US$ 11,4 mil milhões.

Segundo a Ford, é o maior investimento em veículos eléctricos feito de uma só vez por empresa do sector automotivo americano. A previsão é de gerar 11 mil empregos nos megapolos, no Tennessee e em Kentucky, que entrarão em actividade a partir de 2025, em parceria com a empresa coreana SK Innovation.

O projecto é parte do investimento de mais de US$ 30 mil milhões da Ford em veículos electrificados. A empresa trabalha para que de 40% a 50% do seu volume global de veículos seja totalmente eléctrico em dez anos.

Já a General Motors programou aportes de US$ 35 mil milhões em carros elétricos e autónomos, e afirma que o seu objectivo é o de ser líder na América do Norte em carros electrificados e líder mundial em tecnologias de baterias e células de combustível.

“Estamos investindo num plano integrado que garanta à GM a liderança do mercado na transformação para um futuro mais sustentável”, afirma a presidente mundial da companhia, Mary Barra.

O grupo projecta vendas globais de um milhão de carros eléctricos em cinco anos. Hoje, quem lidera o mercado americano é a Tesla, que vai investir US$ 12 mil milhões nos próximos anos.

“A transição do governo Trump para o governo Biden foi o impulso que faltava para os EUA embarcarem nesse movimento, até então mais forte na Europa e na Ásia”, diz Ricardo Bacellar, sócio da KPMG.

O grupo alemão Volkswagen, por sua vez, vai investir US$ 41 mil milhões em carros eléctricos, de um total de US$ 86 mil milhões previstos em mobilidade eléctrica, tecnologia híbrida e digitalização. O presidente mundial, Herbert Diess, afirma que a empresa já é líder global com as suas plataformas eléctricas.

“Nos próximos anos será crucial alcançar também a posição de liderança em software automotivo, para atender à necessidades de mobilidade individual, sustentável e conectada no futuro.” O grupo fará 75 lançamentos de carros electrificados até 2029 e está a construir grande complexo na China.

A Stellantis, dona da Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, também está no páreo, e reservou US$ 35 mil milhões para a electrificação de veículos e software. O objectivo é que, em 2025, 98% das suas linhas sejam de modelos eléctricos e híbridos plug-in.

Em 2030, o grupo espera que 70% das suas vendas na Europa e 40% nos EUA sejam de carros electrificados. “Tudo isto mantendo uma margem de lucro de dois dígitos”, diz Carlos Tavares, presidente global da Stellantis.

O grupo terá três fábricas de baterias na Europa e duas nos EUA. Segundo estudos, em 2026 o custo de uso do carro eléctrico será igual ao da combustão.

A meta da Renault é atingir o mix mais verde do mercado europeu em 2025, com 65% de carros electrificados no total de vendas e 90% totalmente elétricos em 2030, informa o presidente global Luca De Meo. O grupo francês vai investir US$ 12 mil milhões em eletrificação, com foco em baratear o custo da bateria. “Queremos fazer com que o carro eléctrico se torne popular.”

O Zoe é o carro elétrico mais vendido e na versão actual chega a percorrer até 300 quilómetros com uma única carga de bateria. O carregamento em corrente trifásica de 22

kw, demora 1h40 para atingir 80% da carga total. A bateria Z.E. 40 tem mais capacidade de armazenamento e maior densidade energética, sem aumento no tamanho.

A indústria automotiva mobiliza-se para tornar a oferta e as linhas de produção capazes de montar modelos mais alinhados com a preservação ambiental e aos novos comportamentos dos consumidores.

A Aliança Renault-nissan-mitsubishi está entre os conglomerados automotivos globais que mais investem na electrificação de veículos. Por trás do esforço estão conceitos como simplicidade de utilização, autonomia e conectividade. Novas tecnologias e produtos concentram as pesquisas. A autonomia do veículo eléctrico pode variar de acordo com diversos factores, incluindo temperatura ambiente, terreno e forma de condução.

Com a liderança da Renault na Europa, a Nissan destaca-se na Ásia. Entre 2015 e 2017, o Nissan Leaf foi o eléctrico mais vendido, com 17,4 mil unidades comercializadas no mundo todo. De acordo com o plano estratégico da companhia, até oito novos veículos eléctricos serão lançados nos próximos três anos. Entre os veículos com baixa ou nenhuma emissão de CO2, a Ford mantém lugar cativo. No ano passado, a montadora apresentou uma nova versão para o híbrido da marca. O Fusion Energi tem plug-in para carregar na tomada, mas está disponível apenas para testes. A bateria de íons de lítio, de 9,0 kw/h, aumenta em cerca de 20% a autonomia no modo eléctrico em relação ao modelo anterior. Esse novo modelo ainda não tem previsão de vendas por aqui.

Toyota entra na corrida

Inovação e pioneirismo é o que promete a Toyota. A marca trabalha no desenvolvimento do primeiro veículo híbrido flex do mundo, que será produzido no Brasil. O veículo terá um motor elécrico e outro a combustão, que poderá ser abastecido com etanol ou gasolina. Equipas de engenharia da Toyota Motor Corporation e da Toyota do Brasil trabalharam juntas no desenvolvimento da tecnologia híbrida flex. Mas o modelo que será equipado com essa tecnologia ainda não foi confirmado. O mais provável é que seja o sedã médio, Corolla, que tem datas de lançamento de novas versões previstas para o final do ano.

Em março de 2018, a montadora japonesa usou uma unidade do Prius para apresentar a tecnologia híbrida flex. O veículo continua em testes. A nova plataforma global Toyota, batizada de TNGA, permite a produção de modelos convencionais e híbridos na mesma linha de montagem.

Com produção em 28 países e regiões e vendas em mais de 160 países, a Toyota Motor Corporation (TMC) é detentora das marcas Toyota, Lexus, Daihatsu e Hino. Todas comercializam modelos híbridos. Desde o início das vendas de veículos deste tipo, em 1997, a Toyota estima uma economia de 25 milhões de quilolitros de gasolina; e redução de 67 milhões de toneladas na emissão de CO2. Os modelos híbridos estão no portfólio e no horizonte das montadoras. A Audi anunciou no segundo semestre do ano passado que vai lançar dois SUVS e mais 10 carros eléctricos até 2025, mas sem expectativa de comercialização no Brasil. Em sete anos, a montadora quer que um terço das suas vendas sejam de carros movidos a electricidade. O Audi E-tron puxou a fila. Bem mais audaciosa é a Volvo. A partir de 2020, todos os novos modelos da marca serão fabricados só com motores elétricos e híbridos.

A BMW, que tem fábricas em Santa Catarina e no Amazonas (motos), quer chegar em 2025 com 25 modelos electrificados, sendo 12 totalmente eléctricos. Até o ano passado, o BMW i3 era o único carro 100% eléctrico à venda no Brasil, mas ficou fora do mercado durante quase um ano. Ele voltou em junho de 2018, reestilizado e equipado com baterias com maior capacidade de armazenamento de energia, que garantem até 180 quilômetros de autonomia. Uma coisa não mudou.

Pertencente ao grupo BMW, a fabricante britânica MINI iniciou os testes com modelos eléctricos há mais de dez anos. O MINI E foi o primeiro carro totalmente eléctrico do BMW Group a trafegar em condições normais das cidades. Os estudos com o esportivo ajudaram a desenvolver o BMW i3.

CARTA DO DIRECTOR

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